Senador Rogério reforça importância de exame de proficiência em medicina e critica mercantilização do ensino médico

Durante discussão na Comissão de Assuntos Sociais, líder do PT cobrou mais fiscalização e responsabilidade das escolas médicas e afirmou que formação médica não pode ser um negócio milionário às custas das famílias brasileiras

Durante a discussão do Projeto de Lei 2294/2024 na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal, que trata da exigência de exame de proficiência para egressos de cursos de medicina, o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT/SE), fez uma contundente defesa da formação médica no Brasil. Contudo, para o parlamentar, é urgente estabelecer mecanismos de controle e fiscalização que garantam a qualidade do ensino, a segurança dos pacientes e o respeito às famílias que investem na formação dos seus filhos.

“Milito na educação médica desde 1986. Fui presidente do Centro Acadêmico de Medicina, integrei o Movimento Nacional de Estudantes de Medicina e dirigi a Entidade Nacional dos Estudantes de Medicina. Participei da maior pesquisa sobre educação médica da América Latina, com apoio de doze entidades, incluindo o CFM, a AMB, o MEC e o Ministério da Saúde”, lembrou o senador, reforçando seu histórico de militância e envolvimento técnico na área da saúde.

Formação médica sob risco

No debate, Carvalho alertou para os riscos da abertura indiscriminada de cursos de medicina no país, especialmente após o desmonte da Lei dos Mais Médicos. Segundo ele, a proliferação de faculdades sem critérios rigorosos compromete a formação dos futuros médicos e, consequentemente, a qualidade da assistência prestada à população.

“Abriram-se escolas demais, de forma desordenada. E o pior: cada vaga em curso de Medicina passou a valer entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão. Estamos mercantilizando a formação médica, e isso é inaceitável. A educação médica não pode ser tratada como um negócio”, criticou.

O parlamentar sergipano, que já foi membro da Comissão Nacional de Residência Médica e presidiu a Associação Nacional de Médicos Residentes, defendeu o exame de proficiência como uma ferramenta importante, mas com responsabilidade. Para ele, as escolas com desempenho insuficiente devem ser responsabilizadas, não os estudantes e suas famílias.

“Um aluno de Medicina paga, em média, entre R$ 8 mil e R$ 13 mil por mês. Ao final, jogar esse investimento fora é um desrespeito com essas famílias. Se houver avaliação e o estudante não atingir o nível de suficiência, essas instituições devem garantir a continuidade da formação sem custos adicionais. A culpa não é dos estudantes, é das escolas que não oferecem qualidade”, enfatizou.

Progresso e correção de rotas

Carvalho também destacou a importância do teste de progresso — modelo aplicado no Brasil desde 1994 — como ferramenta para monitorar o desempenho dos estudantes ao longo do curso, permitindo ajustes durante a formação e não apenas no momento da graduação.

“Precisamos saber desde o primeiro ano como está o desempenho dos alunos. O teste de progresso nos ajuda a corrigir a trajetória de formação e evitar que estudantes cheguem ao final do curso sem condições mínimas de exercer a medicina com qualidade”, explicou.

Com isso, o senador propôs que o Brasil adote uma política de regulação do número de médicos por habitante, semelhante à adotada em países com sistemas públicos de saúde consolidados, como Canadá e Reino Unido.

“Quando propus o Mais Médicos, sugeri um teto de um médico para cada mil habitantes. Todos os países com sistemas públicos de saúde controlam essa proporção, porque o médico é um ordenador de despesas. Se não houver controle, há excesso de exames, consultas e procedimentos — e nenhum sistema de saúde suporta isso com a velocidade das novas tecnologias”, alertou.

Com quase 35 anos de dedicação à educação médica, o senador Rogério Carvalho relembrou sua trajetória como pesquisador, gestor e parlamentar engajado com a pauta da saúde pública. “O que digo aqui é fruto de uma vida inteira dedicada a esse tema. Tenho mestrado, doutorado, fui dirigente estudantil, professor universitário, membro de comissões técnicas. Me apaixonei por essa causa. Por isso, falo com tanta veemência e paixão”, concluiu.

Fonte: Assessoria de Comunicação – Foto: Daniel Gomes

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